Traficante ‘Japão’ denunciou policial e foi executado a tiros

Caso de Maxwel de Oliveira Silva foi encaminhado para Belo Horizonte e está à disposição do DIHPP - Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa. Quase dois anos depois, a investigação permanece inconclusa.





DA REDAÇÃO- O repórter do jornal VALE DO AÇO e também da Rádio Vanguarda, Rodrigo Neto de Faria, de 38 anos, vítima de cruel execução no início da madrugada do último dia 8, quando foi alvejado por três tiros à queima-roupa disparados pelo garupa de uma moto, em um ponto de venda de churrasquinhos na avenida Selim José de Sales, no bairro Canaã, cobrava a solução de diversos crimes impunes no Vale do Aço. Em suas participações no programa radiofônico Plantão Policial, por diversas vezes o jornalista insistiu que o caso do assassinato de Maxwel de Oliveira Silva, o ‘Japão’, fosse solucionado e os autores do crime fossem punidos, mas sua voz se perdeu no vazio.

A execução de ‘Japão’ se consumou no final da tarde do dia 28 de junho de 2011 (uma terça-feira), após sofrer tentativas de assassinato e sobreviver. Acusado de tráfico de drogas, Maxwel de Oliveira Silva, que na época tinha 30 anos, estava na garupa da moto Titan placa HAS-4737, pilotada por seu irmão Wallace na Avenida Cláudio Moura, no sentido Centro-bairro Iguaçu, quando foi atingido por vários tiros. O crime ocorreu a cerca de 100 metros da “Estação Qualifica”, ao lado do tradicional Camelódromo ipatinguense. Segundo testemunhas, dois homens se aproximaram em outra moto, que seria uma Titan preta, e o garupa começou a atirar. “Japão” foi atingido nas costas e abdômen. Havia um total de sete perfurações no corpo. Ele ainda agonizou por alguns minutos, morrendo antes de receber socorro de uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Seu irmão também foi baleado, mas de raspão.

“Eu cheguei a conversar com o ‘Japão’, mesmo ferido. Mas o socorro demorou muito e ele começou a sangrar pelo nariz e também pela boca, morrendo logo depois”, contou um homem que presenciou o crime e pediu para não ser identificado. 

Maxwel havia acabado de sair da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil (1ª DRPC), onde prestara depoimento contra um policial militar. Ele havia apontado o PM, um cabo lotado no 14º Batalhão, como suspeito de tentar matá-lo no dia 9 daquele mesmo mês.

Próximo ao local do crime havia uma câmera do ‘Olho Vivo’. A PM disse na época que iria analisar as imagens feitas pelas filmagens para verificar se poderiam apontar pistas sobre os criminosos. Testemunhas revelaram que ‘Japão’ já havia sofrido pelo menos duas tentativas de homicídio. Na terceira, não teve a mesma sorte.

Tentativas frustradas
No dia 9 do mesmo mês, conforme foi apurado, sentado na calçada da rua Salto Osório, no bairro Vila Formosa, ‘Japão’ conversava com Robson Alves Bonfim, 34 anos, quando os dois foram atacados a tiros. Os disparos foram feitos por um homem descrito como magro e moreno, que desembarcou da garupa de uma motocicleta. 

Na ocasião, mesmo tendo sido atingido no peito, Maxwel ‘Japão’ se recuperou bem dos ferimentos.

Em depoimento na 1ª DRPC, o acusado de tráfico não teve dúvidas em apontar um cabo da PM como o responsável por tentar assassiná-lo. O caso foi investigado pelo delegado Helton Cota Lopes, titular da Delegacia Adjunta de Crimes contra a Vida (DACcV) de Ipatinga, que pediu a prisão temporária do PM. O Poder Judiciário acatou a solicitação, o policial foi preso no dia 21 de junho (oito dias antes do assassinato de ‘Japão’) e mandado para o 11º Batalhão de Manhuaçu, onde teria ficado recolhido em uma cela especial. No dia da morte de Maxwel de Oliveira Silva o cabo retornou para Ipatinga, sob escolta policial, para prestar depoimento na 1ª DRPC. No momento em que ‘Japão’ foi executado o militar ainda estava na delegacia. 
Delegados e policiais civis estiveram no local do crime no final da tarde no mesmo dia e iniciaram as investigações acerca do assassinato, mas elas não chegaram a ser concluídas. 



Rixa entre facções
Há suspeitas de que o assassinato de Maxwel de Oliveira Silva teria ocorrido a mando de um traficante conhecido como ‘Piuí’. Ele e ‘Japão’ antes eram parceiros, mas depois passaram a ser considerados pela PM como rivais e os principais traficantes responsáveis por confrontos ocorridos no morro do bairro Nova Esperança.

Em uma operação realizada pela PM em 2010, os militares ocuparam o bairro. Na ocasião as duas facções criminosas supostamente comandadas por ‘Piuí’ e ‘Japão’ brigavam por território para traficar e seriam responsáveis por homicídios e tentativas de assassinato na localidade. Após a ação da polícia na área, eles chegaram a dar algum sossego à comunidade, mas a rixa permaneceu, recordam testemunhas. 



O caso hoje
Segundo foi apurado nesta semana na 6ª Promotoria de Ipatinga, junto ao promotor Bruno Cesar Medeiros Jardini, o inquérito sobre o caso do ‘Japão’, número 1197/2011, foi encaminhado para Belo Horizonte, por se tratar de um crime que envolve policiais, estando à disposição do DIHPP - Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa. Encontra-se aos cuidados da delegada Elenice Cristine Batista Ferreira, da Homicídios Sul. A investigação até o momento permanece inconclusa.

No Fórum de Ipatinga, o inquérito recebeu o número 31311034355- 2, o mesmo a ser usado quando o caso vier a se tornar processo.

Também existem informações de fontes oficiosas de que possivelmente o cabo da PM não esteja mais residindo na região do Vale do Aço.

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