Comoção marca ato de protesto pela morte de Rodrigo Neto

Ato público foi organizado pelo Comitê criado para cobrar elucidação do crime; morte de Walgney Carvalho também foi lembrada

Foto: Elianderson Lima



IPATINGA – Centenas de pessoas participaram na noite desta terça-feira (11) de um ato público para lembrar os 100 dias da morte do jornalista e radialista Rodrigo Neto, executado a tiros no dia 8 de março deste ano.  O movimento foi organizado pelo Comitê Rodrigo Neto, grupo de jornalistas criado para acompanhar e cobrar agilidade nas investigações do crime. É a segunda vez que o Comitê promove um evento desta natureza – o grupo havia realizado uma manifestação quando o assassinato completou um mês. Na ocasião, parentes e amigos de Rodrigo, além de dezenas de jornalistas, pediram por justiça nas ruas do Centro de Ipatinga.

Em clima de muita comoção, profissionais da imprensa e familiares de Rodrigo Neto, se reuniram no local onde aconteceu o crime: a avenida Selim José de Sales, em frente ao Churrasquinho do Baiano, de onde Rodrigo saía antes de ser morto. Os jornalistas do Comitê decidiram pelo protesto e também pela retomada das ações de cobrança por resposta para este e também outros crimes ocorridos no Vale do Aço.

O ato foi marcado por várias atividades, dentre elas a colocação de uma enorme cruz no local do crime. "A cruz vai ficar fincada aqui enquanto o crime não for elucidado", garantiu um jornalista organizador do protesto, que prefere não ser identificado. Para ele "a cruz é um símbolo forte para deixar bem claro que a população do Vale Aço não vai se calar enquanto o crime não apurado". Cruzes menores também foram fincadas no canteiro central da avenida Selim José de Sales e um grande cartaz com a foto do jornalista foi fixado no local. Também houve a distribuição de adesivos com a frase "Rodrigo Neto sua voz não vai se calar".



CARTA ABERTA

Os motoristas que passavam pelo trecho durante o protesto receberam uma carta aberta com a seguinte pergunta "Quem matou Rodrigo Neto?".  O panfleto faz uma série de questionamentos à Policia Civil, responsável pela apuração do crime. "Ouvimos eloquentes declarações de policiais e políticos sobre quão absurdo foi o assassinato de Rodrigo Neto e como sua morte representava um atentado à liberdade de expressão e ao livre exercício da profissão, inclusive ameaçando a própria democracia e o Estado de Direito", diz o informativo.

O ato também lembrou e questionou o assassinato do repórter fotográfico Walgney Carvalho, ocorrido pouco mais de um mês depois da execução de Rodrigo Neto. A Polícia Civil iniciou uma série de prisões de policiais civis e militares envolvidos em diversos crimes e chacinas no Vale do Aço. Questionam os jornalistas: "Por que a Polícia esperou tantos anos para prender os seus pares, apesar da existência de indícios, e em alguns casos até provas, de envolvimento direto de agentes de segurança pública em crimes tão bárbaros que aconteceram no Vale do Aço há vários anos? Por que tantos delegados regionais que passaram por aqui foram omissos, se diante de seus olhos policiais civis cometiam crimes na total certeza da impunidade?”

É nesse sentido que o Comitê Rodrigo Neto está agora direcionando sua mobilização. "Não descansaremos enquanto os assassinos de Rodrigo Neto e de Walgney Carvalho não forem descobertos e levados à prisão, e todos os policiais bandidos do Vale do Aço devidamente identificados, julgados, condenados e presos”, afirma a carta aberta do Comitê Rodrigo Neto.

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